Manifesto das Docentes de Enfermagem das Universidades Públicas do Estado do Rio de Janeiro
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- Publicado em Terça, 13 Agosto 2019 14:23
Nós, enfermeiras dedicadas ao ensino da Enfermagem, atuando como docentes nos cursos de graduação e de pós-graduação das universidades públicas do Estado do Rio de Janeiro nos sentimos responsáveis por prestar esclarecimentos à sociedade.
Em entrevista à jornalista Leda Nagle em agosto de 2019, falando sobre o programa “Mais Médicos”, o senhor Presidente da República do Brasil afirma que os médicos não aprovados em programação de revalidação deveriam “arranjar outra profissão, como enfermeiro, ganhando menos...”
Ao tomar conhecimento de tal declaração, seria mais simples desconsiderar um pronunciamento ofensivo, fruto da ignorância e do desconhecimento do que vem a ser a Enfermagem, ou trata-lo com humor, o que tem sido válvula de escape para a perplexidade que nos tem assaltado nos últimos meses. Contudo, não podemos aceitar uma fala preconceituosa e equivocada sobre o nosso ofício proferida pelo Chefe de Estado.
Assim, nos imbuímos do nosso direito de cidadania e do dever como professoras: educar, garantindo o acesso ao conhecimento; e aproveitamos esta oportunidade para trazer à sociedade o conhecimento que tem faltado para diferenciar nossa atuação daquela do médico.
Certamente nosso conhecimento e foco são complementares aos dos demais profissionais que atuam em prol da saúde e da vida. Embora nossa profissão seja muito próxima a de nossos colegas médicos, nosso objeto de trabalho, nosso olhar e nossos saberes são diferenciados. O objeto de trabalho da Enfermagem é o Cuidado, com foco nas necessidades humanas da pessoa, da família e da comunidade. A Enfermagem é uma profissão humanística em essência, pautada por teorias científicas. Somos uma força de trabalho com cerca de 2(dois) milhões de profissionais que atuam nos mais diversos níveis de atenção, na gestão, na formação, na pesquisa e na formulação de políticas públicas.
Nesse sentido, a fala do Presidente nos desvaloriza enquanto categoria profissional. Merecemos exercer o nosso saber com isonomia de direitos de trabalho. Muitas de nós nos encontramos esgotadas e sobrecarregadas pelo excesso de trabalho que a própria desvalorização, precarização e intensificação do trabalho nos impõem.
Entretanto, o esgotamento muitas vezes resultado da ausência de investimento nos serviços e no desmonte do Sistema Único de Saúde, não nos afasta da nossa essência e responsabilidade profissional, diante do paciente. Ao contrário, nos mostra que a Enfermagem, que nasceu em meio a um cenário de guerra, tem força e delicadeza para sustentar um cuidado comprometido com a ética da vida e com a cidadania de cada um de nós brasileiros, principalmente diante da adversidade.
EXIGIMOS RESPEITO!!!
#RespeiteAEnfermagemBolsonaro
Faculdade de Enfermagem da UERJ
Escola de Enfermagem Anna Nery – UFRJ
Escola de Enfermagem Alfredo Pinto - UNIRIO
Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa – UFF